O Grupo Nevicom (Núcleo de Estudos da Violência contra a
mulher) iniciou em janeiro de 2013 um trabalho junto aos homens que foram sentenciados
pela Lei Maria da Penha. A estes homens foi substituída a “Pena Privativa de Liberdade” pela “Restritiva de Direitos”, que consiste no comparecimento semanal ao
Grupo de Reflexão por um período de quatro meses.
Este Grupo dos autores da violência doméstica e familiar
contra a mulher, denominado de “Grupo Sermais” tem o objetivo de fazer com que
estes homens também sejam ouvidos, e que possam a partir da reconstrução da sua
história, ter a possibilidade de reescrevê-la de forma que a violência não seja
mais uma opção. Temas como gênero, alienação parental e família também são
trabalhados com os autores da violência, bem como saúde masculina e a própria
Lei Maria da Penha.
O NEVICOM finalizou o primeiro grupo em julho de 2013, e no
dia 16 de agosto a equipe do Nevicom apresentou seus resultados para as Juízas que
atuam junto à Vara da Violência Doméstica, as Drª.Alessandra Pimentel Munhoz do
Amaral, Drª Larissa A. C. Muniz e a promotora Drª. Adélia Souza Simões.
O grupo Sermais é
composto por uma equipe multidisciplinar com estagiários de psicologia da
Faculdade Sant’ana, e de serviço social e direito da UEPG, tendo como
coordenadores, profissionais de Direito, Serviço Social e Psicologia.
Na apresentação, a Dra. Laryssa (que também é idealizadora
e voluntária do projeto) ressaltou a importância da existência do mesmo, “porque
a finalidade última da lei é a reeducação do agressor no que tange aos
conceitos e valores que vieram a determinar a prática da infração”, que apenas
pode ser atingida com a reflexão dos próprios autores sobre seu comportamento.
Salientou ainda que o Poder Judiciário tem que atuar para
além da aplicação de medidas punitivas, mas também no âmbito social.
Para isso citou Victor Hugo
fazendo um paralelo entre o livro “O Corcunda de
Notre Dame” e sua prática jurídica. Contou de uma passagem do
livro onde o Corcunda que é surdo, é julgado por um juiz, também surdo. A
partir desta passagem da história o corcunda responde o que não ouve, e o juiz
pergunta sem ouvir supondo uma resposta.
Conforme citação do livro :

Por fim, a Drª.Larissa terminou sua fala , “dizendo que o Grupo Sermais dava a certeza de que não seria mais um caso de um juiz surdo aplicando uma sentença em que a pessoa que o recebia sequer tinha consciência do motivo pelo qual havia recebido a pena; sabia que para aqueles homens que haviam participado do grupo algo havia mudado, alguma coisa havida sido feita no sentido de que esses comportamentos pudessem ser modificados. Para eles, o Grupo havia feito a diferença.

Por: Aurea Lúcia
Pioli - Estagiária do Curso de Psicologia, Luana Billerbeck - Coordenadora do Nevicom e Mariana Coelho Guidotti - Estagiária de Direito do Nevicom
Muito legal esse projeto. Não basta somente punir é preciso despertar a consciência no agressor de que a violência é algo errado e desnecessário. Fico feliz por ver Poder Judiciário e UEPG trabalhando juntos!
ResponderExcluir